Irmãos, a Cristina nunca viu o Seinfeld! Os mais desatentos perguntam enraivecidos quem é a Cristina mas quem está mais familiarizado com as Indústrias Kramerica ou com a obra de Art Vandelay não quer saber quem é a Cristina. Eu próprio já fui assim, enraivecido com aqueles que não seguiam a minha via (o caminho da rectidão e da verdade) mas neste momento não sinto ira para com os irmãos que, tal como a Cristina, se afastaram a luz e da sensatez, daqueles que nunca conheceram a sapiência do Nada, daqueles que veem a sua vida desaparecer nos tentáculos do Friends, Will and Grace ou mesmo aquele instrumento de Satanás que visa transformar mulheres em trastes horrendos potencialmente inúteis e serventes do Demónio chamada “Sex and The City”.
A Cristina não está, porém, perdida. Ainda há esperança, um feixe de fotões de puro amor ainda brilha na direcção da Cristina, porque Seinfeld é imortal. Ao contrário de qualquer outra série que tem que ser vista num intervalo de tempo muito limitado, Seinfeld irá ser apreciado por toda a eternidade por infindáveis gerações de espectadores que irão, inclusivamente, tomar decisões de vida com base em factores Seinfeldianos. Não me admiraria mesmo de ver num futuro próximo episódios de Seinfeld usados para cursos de auto-ajuda, formação profissional, MBAs de gestão ou mesmo como aconselhamento para lideres mundiais de renome.
Há uma maneira muito simples para avaliar Seinfeld como monstro incontornável da História do entretenimento: A cada vez que se fala de um sitcom não-familar, usam-se termos como “poderá ser o próximo Seinfeld” ou “não é nenhum Seinfeld, mas vê-se!”. Este tipo de expressões, já fortemente enraizadas na cultura popular, demonstra bem o poder que é esta série.
No entanto não poderá haver um herói sem um arqui-inimigo, o chamado Nemesis. Não falo de Newman, o carteiro obeso cuja missão de vida é destruir Seinfeld sem que isso envolva grande esforço físico. Falo dos fanboys de Friends, esses adolescentes eternos com a adolescência por resolver, aqueles que acham Seinfeld ofensivo e se sentem confortáveis pelo ambiente inócuo e estéril das piadas de Friends.
Não consigo sequer conceber uma vida sem saber o que é o Soup Nazi, a expressão “Master of my Domain”, Puffy Shirt, The Moors, “Yada, yada, yada.” ou o imortal “”Hello… Newman!”. Coisas que nos ficarão para sempre, embrulhadas no cérebro juntamente com memórias de amores de juventude, loucuras da faculdade ou aquele dia em que acordámos no meio de um milheiral todos nús com um número de telefone tatuado numa anca que mais tarde vimos a saber tratar-se de um talho no alto de Santa Clara que já fechou há mais de 5 anos mas que o antigo dono mantém para encomendar filmes porno e sex-toys para que a esposa nunca desconfie, ainda que suspeite levemente que ela também não se importará de brincar com eles uma vez que fala insistentemente em tom de brincadeira na alegada fama que os negros têm no que diz respeito ao seu orgão genital. Sabem como é, coisas banais que acontecem a todos.
Portanto Cristina, se me estás a ler, digo que te tens a bênção do meu perdão. Que o teu pecado é grave, verdade, mas não é irreversível. Procura numa FNAC, encomenda da net, “encomenda” da net (blink blink) ou pede emprestado a um amigo, de preferência a um que não seja muito possessivo em relação aos seus ricos DVDs porque provavelmente nunca os irá voltar a ver na vida.